segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Reescrevendo a minha própria história- 2ª edição

Meu amigos, é a terceira vez que escrevo esse texto. Porque fatos foram acontecendo, a minha vida tá melhorando (por causa da Pati) e, claro, também porque envelheci. Espero ter que reescrever esse texto outras vezes (de preferência, com outras evoluções) mas a versão atual é esta.

               Tenho 43 anos e nasci em Lins, no interior de São Paulo. A minha paralisia cerebral ou foi de nascença ou decorrente de uma otite (inflamação no ouvido) aos 3 meses de idade (na verdade, na prática, isso pouco importa). Tenho alguns problemas na parte motora e de equilíbrio. Digo que sou lento para tudo: para comer; para tomar banho; para trocar de roupa; escrever, etc.
Eu morava em São Paulo, Capital, quando tinha uns seis meses e meus pais desconfiaram de que eu não ficava firme e nem fazia os movimentos normais de um bebê desta idade. Me levaram na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) e lá foi diagnosticada a minha paralisia cerebral. Felizmente, tive muito apoio da família. Eles sempre me incentivaram. Com relação a educação, eles eram criteriosos na escolha das escolas onde estudei. Aliás, eu cresci numa época em que as crianças eram bem educadas. Portanto, nunca tive muitos problemas de preconceito na infância. Os meus amigos e colegas de sala de aula não faziam essa distinção e sempre me trataram de igual para igual.
Fiz algumas cirurgias durante até os 13 anos. Operei as pernas; olhos; adenoide e amígdalas. A mais marcante foi em 84, quando precisei ficar quase 70 dias com gesso em quase todo corpo. Foi difícil mas a solidariedade dos meus amigos, que vinham em casa para brincar comigo, foi fundamental (um Atari que ganhei de presente nessa época facilitou tudo). Conto essa história em detalhes aqui: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2013/01/uma-historia-de-cirurgia.html .
Tenho muitas saudades da infância porque considero que foi a fase mais feliz da minha vida. Depois dessa cirurgia, que não deu o resultado esperado, busquei atendimento fisioterápico particular e descobri a Denise Barth, profissional que está comigo há mais de 32 anos (essa eu conto aqui: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2014/11/30-anos-com-denise.html).
Sempre adorei esportes e meus professores de educação física perceberam isso. Na pré-escola, fiz judô. Na escola, se eu não podia correr durante o futebol, jogava de goleiro. Dessa paixão por esportes, surgiu a minha profissão: jornalismo. No começo da adolescência, decidi que ia trabalhar com jornalismo esportivo. Contei isso aqui no blog na época da morte do Luciano do Valle: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2014/04/a-morte-de-luciano-do-valle.html
Também cheguei ao jornalismo devido a minha outra grande paixão, que é a leitura. Sempre digo que foi a melhor coisa que aprendi na vida. Dela, vem quase toda a sua bagagem intelectual e cultural. Leio muito. Em qualquer folga do meu dia, estou lendo: livros; revistas; jornais, etc. Fiz texto sobre essa minha paixão aqui no blog: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2013/03/ler.html . 
Mas, infelizmente, trabalhei muito pouco com jornalismo esportivo. Para compensar, passei num concurso e trabalho há sete anos e meio na assessoria de comunicação social da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. Estou feliz porque tenho a estabilidade do serviço público, apesar do salário parcelado e congelado no momento.
Sou uma pessoa alegre e sempre tive muitas amizades. Infelizmente, sempre fui muito medroso para relacionamentos amorosos. Mas aí encontrei e conheci a Pati. Vocês conhecem bastante ela aqui do blog: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2013/11/estou-namorando.html .  No texto anterior, eu disse que estava namorando a Pati. E essa é a grande novidade, a grande diferença em relação há três anos e o maior motivo por esse texto estar sendo reescrito (aliás, eu poderia citar vários textos aqui do blog sobre isso mas ficarei com um só: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2016/10/tres-anos-de-muito-amor-com-pati.html): eu e a Pati nos casamos, compramos nosso apartamento e estamos morando juntos (http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2017/01/a-compra-do-apartamento.html). E a minha vida mudou da água para o vinho (e para melhor!). Por puro medo, nunca me imaginei casado, nem morando longe da família. Mas a Pati fez essa transformação na minha vida.   
Com relação ao movimento das pessoas com deficiência (PcDs), confesso que era um alienado nessa questão. Até que, lendo uma revista Época há alguns anos, eu descobri a, hoje, deputada federal Mara Gabrilli. Comecei a acompanhar o seu programa de rádio, que fala basicamente sobre PcDs, Derrubando Barreiras. Antes, quando eu tropeçava e caía nas ruas, nunca parei para pensar quem tinha feito as calçadas ou se elas podiam ser trocadas. Aprendi um monte de coisas ali. Fui até na Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência em Brasília, em 2012 (http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2012/12/3-conferencia-do-direitos-da-pessoa-com.html) . Felizmente, fiz muitos amigos de fé nessa área como a Liza e o Jorge Amaro. 
O que me motiva a continuar nessa luta pela pessoa com deficiência é a necessidade de um mundo mais acessível para todos nós. Para mim, seria muito mais simples só pedir calçadas melhores já que estou empregado e com estabilidade no trabalho. Só que não posso ser egoísta a esse ponto. Felizmente, entre as PcDs, sou um privilegiado por ter um caso mais leve de paralisia cerebral mas tenho que pensar nas pessoas que não tem as mesmas condições que eu. Ainda mais agora que casei com uma cadeirante. Com essas iniciativas, aprendi um monte sobre o universo das pessoas com deficiência. Por isso, brigo, principalmente, por mais espaço na mídia para as PcDs. Inclusive, já escrevi alguns artigos sobre o assunto para o jornal Correio do Povo, de Porto Alegre. Agora, estou integrando o Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência aqui no meu Estado, uma nova experiência. 
Estou muito mais feliz e confiante. Conquistei coisas que nunca imaginei e da maneira mais natural possível. Estou vendo que muitas coisas não são um bicho de sete cabeças e que tenho que encarar a vida. E tem sido muito legal. Como escrevi no início, espero reescrever este texto outras vezes e sempre com mudanças positivas na minha vida. Espero que a Pati tope encarar essa comigo...

OBS: neste texto, não teremos as traduções porque o Google, agora, só está deixando traduzir de até cinco mil caracteres. Me desculpem.





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