quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Texto do Jorge Amaro no Correio do Povo

Consegui publicar outro texto do Jorge Amaro no Correio do Povo. Este fala sobre os negros com deficiência. Aproveitem:


                                          Negritude e Deficiência: um debate necessário


Temos 45 milhões de pessoas com deficiência (PcDs) no Brasil, segundo dados dos IBGE. Quando aplicado o recorte étnico, identificamos 18% desta população formada por negros. Ou seja, algo em torno de 3,8 milhões de habitantes.

Conforme dados da pesquisa Derecho a la Educación de las Personas con Discapacidad en America Latina y Caribe, é uma preocupação dos países latinos identificar quem são e onde estão essas pessoas, bem como o tipo de deficiência. Existem poucas estatísticas disponíveis a este respeito mas é preciso considerá-las para o desenvolvimento de políticas para pessoas com deficiência. De acordo com dados do Banco Mundial, 82% das PcDs da região vivem na pobreza.

Segundo a pesquisa, quando analisada a incidência de deficiência e grupos étnicos, negros e índios são a maioria. Uma das pistas que sugerem isto relaciona-se ao baixo acesso destes grupos a direitos sociais, especialmente saúde e educação, bem como um processo histórico de segregação.

A edição 2009-2010 do relatório das Desigualdades Raciais no Brasil trouxe dados alarmantes sobre a condição de vida dos afrodescendentes brasileiros, conforme a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Conforme a pesquisa, afrodescendentes tem menos acesso à Previdência Social e, consequentemente, menor esperança de vida. Nos dados referentes a 2008, 44,7% dos auto declarados pretos ou pardos não estavam protegidos pela Previdência. Entre os brancos, esse índice caiu para 34,5%. Em todo o país, a expectativa de vida dos afrodescendentes era de 67,03 anos. Já entre os auto declarados brancos, esse número subiu para 73,13 anos.

Os dados do relatório também apontam programas governamentais de transferências de renda, como o Bolsa Família, como os principais responsáveis pela redução nas desigualdades sociais, sendo que 24% das famílias chefiadas por afrodescendentes (7,3 milhões) são cadastradas no programa.

O Brasil tem assumido importantes compromissos, tanto com relação à PcD bem como nas políticas de igualdade racial. Mas há ainda lacunas a serem superadas, especialmente no diálogo entre as diferenças, no sentido de romper as barreiras dos órgãos gestores, que limitam-se a produzir políticas desarticuladas. É o desafio da transversalidade, que aparece timidamente mas é imprescindível na construção de políticas que garantam direitos para todos.









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