quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Artigo do Roberto Oliveira sobre a Semana Estadual

Recebi por e-mail do Jorge Amaro, um artigo do Roberto Oliveira sobre a Semana Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência para ser publicado no Correio do Povo. Como já tinha conseguido colocar um artigo meu sobre o mesmo assunto no Correio e, logo depois, a Marli Conzatti também escreveu um, não foi possível a publicação deste artigo do Roberto. Mas, como a intenção deste blog é espalhar o cnhecimento sobre o universo da pessoa com deficiência e este artigo do Roberto está ótimo, vou colocá-lo na íntegra para vocês: 


                                         Nada sobre nós sem nós


Chegamos a mais uma semana estadual dos direitos da pessoa com deficiência (PcD). Ao longo de meus 60 anos na escuridão, continuo com a alma repleta de luz e esperança num mundo mais acessível. Por que precisamos de uma semana para comemorar um segmento específico? É simples e ao mesmo tempo, complexo. Um país que se diz democrático, infelizmente discrimina milhões de pessoas e as condena a ausência de direitos iguais apenas por serem diferentes.

Não queremos nada a mais, só precisamos que respeitem nossas diferenças. Como fazer isso? Com rampas; bengalas; pisos táteis; Libras; Braille e, principalmente, sensibilidade.

O nosso Estado nega aos surdos o direito a comunicação quando não oferece a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Impede as pessoas com deficiência física de chegarem a diversos espaços que não tem rampas. Os cegos, sem mobilidade, perdem autonomia.

O Plano Viver sem Limite e sua versão gaúcha, o RS sem Limite, são valiosos instrumentos de avanços, pois envolvem recursos para várias áreas através de projetos. Mas sozinhos são insuficientes. Conceitualmente, a transversalidade é de fácil compreensão, difícil é executá-la. Este é o maior desafio dos órgãos públicos no Rio Grande do Sul. Não podemos mais tolerar a ineficiência dos órgãos públicos ao dialogarem sobre acessibilidade. É inaceitável que tenhamos apenas uma fundação, sem força política e com recursos limitadíssimos para tratarem de um contingente com mais de 2 milhões de pessoas. Precisamos avançar, como o Brasil fez, transformando uma coordenadoria em secretaria nacional e como os estados de São Paulo; Piauí e Amazonas também fizeram, criando secretarias estaduais. Não vamos abrir mão da criação de uma secretaria estadual, como sempre diz nosso companheiro Gustavo Trevisi.

Tenho orgulho e vergonha deste Estado, pois o mesmo que foi o primeiro a aderir ao Viver sem Limite, nega o direito a uma jovem cadeirante de ir ao cinema e um surdo de participar de um seminário na "Casa do Povo" pela inexistência de um intérprete de Libras.

Vamos dizer basta! Para isto, precisamos tirar da invisibilidade milhões de pessoas marginalizadas. É essencial fortalecer o Conselho Estadual dos Direitos da PcD e, além disso, estimular cada homem e mulher com deficiência destes pagos a participar mais das decisões que interfiram no seu futuro.



Roberto Luiz Veiga Oliveira
Presidente do Coepede (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência)



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